segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Cidade Fantasma ou Minimercado em 2ª Mão?


Lisboa está carregada de fantasmas e é uma cidade assombrada onde nos cruzamos constantemente com o nosso passado! Antigos namorados, ex amantes, histórias mal resolvidas, pessoas a evitar, outras que desejamos encontrar. Esta é umas das tais cidades aldeia em que chegamos à conclusão de que nos andamos a comer uns aos outros. Somos pequeninos e quando tentamos obter algo diferente acabamos por voltar a ter o que já tivemos, porque no fundo quando temos uma novidade nas nossas vidas, isso são os “restos” de outro alguém, quem sabe até, do que nós próprios deixamos ficar para trás.
Bem sei que falo aqui de pessoas e não pretendo de todo denegrir-nos enquanto seres humanos ao chamar-nos de sobras, mas é a palavra que melhor se encaixa. E vocês no fundo sabem que é a mais pura verdade. Já alguém dizia que a distância entre duas pessoas pode ser até de sete pessoas, logo, as probabilidades de já ter estado com um ex namorado do ex namorado do meu melhor amigo são mais do que favoráveis. Andamos todos às voltas num minimercado com produtos em 2ª mão onde só existem novidades aparentemente recicladas! Não somos eternamente virgens e quanto mais nos envolvemos, mais ficamos conhecidos no mercado. É impossível manter o estatuto de novidade e esperar o mesmo da outra parte. Todos temos um passado e quer queiramos quer não, ele persegue-nos sempre como uma espécie de sombra.
Sem dúvida que este facto por vezes me assusta, no que toca à minha embalagem por assim dizer, pois entro no pensamento de que por vezes o facto de gostar de sexo me torna tão promíscuo que acabo por esgotar o mercado da capital. Condenável? Tenho a minha consciência tranquila. Mas torna-se realmente assustador quando as minhas decisões sexuais, e aqui falo do sexo em si, se tornam um contratempo com o meu trabalho e dia-a-dia. E passo dois exemplos flagrantes que me aconteceram um na semana passada e outro ainda hoje.
No passado dia 31 de Agosto fui a uma entrevista e dei de caras com um gajo que conheci há uns dois meses, e que após as coisas até estarem a correr bem, partiu para Madrid em trabalho e quando voltou nunca mais me disse nada. A situação em si incomodou-me na altura, mas ultrapassei a questão como sempre o faço, mas encontrá-lo ali, como futuro colega, bolas, é demasiado azar. Obviamente que não fiquei com a vaga e vá-se lá saber porquê… Hoje, outra entrevista, outro encontro de último grau com um género de engate! Como "adversário” lá estava um rapaz que conheci o mês passado por ter ficado interessado no amigo dele, e o pior? É que na altura não lhes disse o meu verdadeiro nome e disse que me chamava Tomás, escândalo não foi? A minha safa é que uso sempre o meu segundo nome para questões mais importantes e a senhora da entrevista não referiu o meu primeiro nome, felizmente, assim posso continuar a ser o Tomás. Mas tudo isto para concluir que já estou numa fase tão fantasmagórica que estou constantemente a tropeçar em defuntos e almas perdidas do passado. Será porque já me dei a demasiadas pessoas, ou porque chega a uma altura em que passamos a conhecer mais pessoas? Importante referir que o amigo em quem fiquei interessado, após me andar a galar e engatar, revelou que tinha namorado, ficando tudo em águas de bacalhau e eu a curtir com um argentino, mas isso já será outro disparate.
É inevitável então tentar colocar um travão e parar de andar a colocar novamente na prateleira produtos já consumidos, e só me restam duas hipóteses. Ou paro com a busca e espero que os legumes verdes fiquem maduros para voltar a ir às compras, continuando a minha alimentação com os que já conheço e aprecio, ou dedico-me à exclusividade e fico-me somente por um. Mas e quando somos nós os colocados na prateleira depois de usados, apesar de termos sido um bom produto? Não temos legitimidade para ir às compras? Ou devemos ser condenados por sermos viciados em compras e gostarmos de experimentar tudo o que há para consumir? A concorrência é cada vez mais feroz com um marketing e publicidade mais apetecíveis, mesmo que o produto em questão já seja um conhecido dos consumidores. Neste caso, que mal há em não sermos um cliente fiel quando não existe fidelidade por nenhuma das partes? Por acaso assinei algum contrato de exclusividade? Quando o tiver feito, aí sim, deixarei de frequentar o tal minimercado e ausento-me por falta de stock.
Chego então à conclusão de que o rótulo fica na maior parte das vezes por ler e que a vida é feita de milhares de embalagens que diariamente enchem os contentores da reciclagem humana, mesmo que o exterior e o interior não mude. E com tantos tipos de dietas, fica difícil escolhermos. Cuidado com os fantasmas… E com o supermercado que frequentam!
Beijinhos, Pi.*

Sem comentários:

Enviar um comentário