quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

See You Next Year...

Hoje, hoje antecede-se o dia que encerra mais um capítulo com 365 páginas. Hoje começa o processo de consciencialização de tudo o que aconteceu no decorrer deste ano. Faz-se um balanço. Vocês aqui souberam de mim mais do que um dia julguei vir a revelar publicamente, mas hoje, ao repensar em tudo o que fiz, sinto-me feliz pelo que tenho construído nos últimos meses aqui neste pequeno blog. Ainda está longe de chegar onde pretendo, mas no entanto sei que calmamente vou trabalhando para concretizar o meu objectivo! Não me arrependo e bem pelo contrário, orgulho-me de ser honesto e de partilhar um pouco de mim, mais um tanto de um mundo “paralelo” que para muitos é desconhecido, mostrando-lhes todos os seus lados, independentemente de serem negativos ou positivos.
Aproveito este último post de 2009 para agradecer a todos as vossas visitas e os disparates que deixam aos meus próprios disparates, que ainda acho poucos, não ficando triste por isso porque sei que são vários os que me seguem para grande surpresa minha. A todos o muito obrigado e espero contar com vocês em 2010 também. E em forma de desejo, que venham muitos mais e que os Disparates de Pi andem na boca desta cidade (pormenor que já me aconteceu vindo de uma total estranha).
Desejo-vos por fim em tom de cliché que o melhor deste ano seja o pior do ano que se avizinha e aproveitem bem a noite de passagem de ano que eu farei o mesmo, sempre com muita loucura e acima de tudo, disparates! Beijinhos grandes e vemo-nos no próximo ano.*

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Encontros Inesperados de Natal

Olá disparadores.
Pois é, o natal já passou e estamos quase quase num novo ano. Sobre isso, falarei depois, por agora vou ficar-me pelo natal deste ano que pouco ou nada teve de especial na sua consoada, mas que proporcionou surpresas e encontros inesperados ao longo do dia.
Tenho uma teoria que aplico várias vezes. Todos nós temos hábitos diários, e mesmo que inconscientemente os façamos, temos rotinas que executamos diariamente já mecanicamente. Como o caminho que fazemos para o trabalho, o primeiro pé que colocamos fora da cama, a primeira coisa que fazemos quando ligamos o computador, enfim, um número infindável de processos. Eu tenho um, para além de muitos, na casa-de-banho mal saiu do banho, tenho uma ordem exacta de fazer as coisas, e nunca as troco a menos que me lembre de o fazer por razões que explicarei mais daqui a pouco. E passo a explicar. Sair do banho, limpar o corpo, desodorizante, cotonetes, passar água pela banheira com o chuveiro, fechar cortinas, colocar creme no corpo, secar o cabelo, ligar o babyliss e sair. (Atenção que não contei com o barbear e com todos os outros que vêem depois).
Ora bem, este meu exemplo é idiota, eu bem o sei, mas serve para vos explicar a minha teoria de que quando mudamos estes passos automáticos que seguimos à risca sem nos apercebermos, algo de inesperado acontece nesse dia ou brevemente. Pode ser positivo ou negativo, mas parece que mexe um pouco o seguimento do nosso destino, se é que este existe, e provocamos uma espécie de sismo neste fazendo com que lhe troquemos as voltas e façamos algo que não era suposto. É disparate, eu sei, um perfeito disparate, mas cada maluco com a sua pancada e a minha já a comprovei por mais de que uma vez ser real.
No dia 24 deste mês deu-me para mudar algo e sem pensar que ia alterar porque achava que o devia fazer ou porque me havia lembrado da minha teoria, modifiquei o caminho que faço para ir para o trabalho. Resultado? Dei de caras com uma pessoa que ficou no passado… Um ex namorado com o qual acabei por e-mail. Sim, é verdade, sim, foi algo hediondo, mas sim também há uma explicação para na altura o ter feito e acreditem que era a única solução se queria ser honesto. Mas isso será matéria para outro disparate e nessa altura irão perceber o porquê de o ter feito. Mas adiante. Ali estava ele, ali estava eu, ali estava uma falta de um ambiente constrangedor que seria suposto existir entre ambos. Ao invés disso cumprimentamo-nos como se nada tivesse acontecido e fomos juntos no metro fazendo a viagem praticamente juntos e conversando amenamente sobre as novidades da vida de cada um. Pelo caminho, ao trocarmos de linha, dei de caras com uma amiga que já não via há meses e que de todo não contava encontrar ali e muito menos aquela hora. Foi breve, muito rápido este encontro com ela, mas quando já estava sozinho a ir para o trabalho, não podia deixar de pensar na ironia da vida e que pode ter sido por diversas razões, causalidade talvez e mais provavelmente, mas será que o facto de ter mudado as coisas não fez com que eu pudesse estar no momento certo à hora exacta para encontrar estas duas pessoas? Ou, para os crentes, era já o meu destino mudar o caminho para me encontrar com eles? De qualquer das formas, foram surpresas com as quais eu não contava, e se a segunda serviu de prenda de natal desembrulhada, a primeira serviu para acabar com o meu arrependimento, mesmo que não tenhamos falado acerca do passado e ele não me tivesse dito que estava magoado comigo. A sua atitude mostrou bem que não estava, ou então optou pelo cinismo, de qualquer das formas, já passou.
Quanto ao natal, o costume, a tradição, o mesmo de sempre. E vocês? Muitas prendas? Eu deixei de ser natalício, por isso é que não dei importância à época e preferi disparatar acerca do que me aconteceu, no entanto espero que a vossa consoada tenha sido agradável. Agora vem aí um novo ano, e isso sim é do que eu gosto! A noite de passagem de ano é que tem de ser em grande festa e eu não me vou poupar! Mas já já vocês saberão mais acerca disso. Até lá…
Beijinhos, Pi*

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

The Missing date...

Para voltar aos meus disparates decidi contar-vos uma história de um date que tive este ano, relembrar aqueles meus casos que não lembram a ninguém e os encontros de último grau mais descabidos de sempre. Vocês já ouviram falar nele, quando o reencontrei numa entrevista de trabalho, mas não sabem como tudo aconteceu entre nós. Ora aqui vai…
Conhecemo-nos como tantos outros, através do site Gaydar, ele havia visto o meu perfil, e eu o seu até que recebo uma mensagem dele. O procedimento já vocês sabem como funciona, troca de algumas mensagens, troca de e-mails, alguma conversa, troca de contactos, até que chega ao date propriamente dito. Mas desta vez as coisas pareciam ir por um caminho diferente, o convite que o “André” me fez foi inesperado. Convidou-me para ir com ele a uma exposição da Absolut Vodka no Bairro Alto, a uma 5ªfeira à noite. Obviamente que disse que sim, já estava a ganhar mais pontos pela originalidade e por não ser cliché.
Eis que a noite surge e nós encontramo-nos no Largo do Camões. Ele chegou atrasado, coisa estranha porque geralmente sou eu quem chega sempre fora de horas. Lá nos apresentámos pessoalmente, eu achei-o ainda mais giro e super fashion, mas não achei grande piada a sermos um pouco parecidos quer a nível de estilo quer fisicamente. Caminhámos até à exposição, sempre em conversa, que fluía naturalmente e sem ser forçada. Conheci a amiga dele, aproveitamos a serventia de Vodka que estava a haver, vimos a exposição (que acrescento, apesar de pequena era bastante interessante) e viemos para a rua continuar a nossa conversa. Infelizmente ele tinha de ir embora cedo pois ainda tinha de passar em casa de um amigo para ir buscar umas coisas, tinha trabalho para fazer ainda nessa noite e no dia seguinte acordava cedo. Demonstrou que era uma pessoa um pouco ocupada a nível laboral, ou que pelo menos passava um momento assim, mas tínhamos muita coisa em comum o que fazia com que pelo menos amigos ficássemos. Eu claro que compreendi a sua situação e disse-lhe que não havia problema, iria ter com os meus amigos e depois voltámos a combinar qualquer coisa. Mas infelizmente teria de ser dali a uma semana pois ele ia para Madrid em trabalho e não nos conseguíamos encontrar antes de ele partir no domingo seguinte.
Quando nos despedimos com dois beijos na face, eu senti que tinha existido uma química, havia gostado da pessoa que tinha conhecido naquela noite e sem dúvida que iria querer voltar a encontrar-me com ele. E sem conter o impulso, enviei-lhe uma mensagem a dizer precisamente isso, que tinha gostado do encontro e que esperava vê-lo em breve. Resposta seguida e pronta da parte dele a dizer que o sentimento era recíproco. Claro que corei e fiz aquele sorriso parvo que todos nós fazemos nestes momentos.
Os dias foram passando, nós sempre a falarmos, até que chega o dia em que ele parte para Madrid. Surpreendentemente liga-me do aeroporto para me dar um beijo de despedida e que avisava quando chegasse ao seu destino. Se já andava com ar de parvo, agora tinha ficado derretido com a atitude dele…
A semana passou sem notícias dele, e eu sem saber se ele tinha chegado bem ou não, o que havia acontecido. Não quis dar uma de psicopata portanto no decorrer dessa semana não lhe disse nada também. Até que a semana chegou ao fim, mais uns quantos dias passaram e eu resolvi mandar uma mensagem a perguntar se estava tudo bem. Foi entregue, mas até hoje estou à espera de resposta.
Não sei o que aconteceu, se aquilo tudo foi uma enorme peta para gozar com a minha cara, se teve algum problema, se afinal não tinha interesse em mim. Independentemente do que lhe aconteceu, sei que fiquei a anhar com este gajo e que tive pena de as coisas não se terem desenvolvido. Tinha sentido qualquer coisa com ele.
Tudo isto só vem sublinhar ainda mais que os gajos andam completamente doidos e que está cada vez mais complicado termos o que quer que seja. As coisas começam a ficar complicadas e este foi mais um atrofiado a juntar à minha longa lista de encontros de terceiro grau. E tê-lo visto meses depois, ele completamente normal, como se nada tivesse acontecido, deixou-me o ego tão em baixo que ainda hoje é complicado às vezes tentar olhar-me ao espelho sem me sentir derrotado. Não que isto tenha sido alguma coisa do outro mundo, que tivesse sido uma história romântica que chegou ao fim. Nada disso, simplesmente foi mais uma hipótese que saiu furada por derivados do destino.
Mas enfim, o horóscopo da revista Bravo disse que eu em 2010 iria ter na minha vida a pessoa que sempre esperei, e eu vou acreditar piamente nela!
Beijinhos Pi… E cuidado com os desaparecimentos súbitos, qualquer coisa não vale a pena ir aos perdidos e achados da Polícia, eu já lá fui e não há nada.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Vida Agitada

Infelizmente, embora por motivos felizes, o tempo que tenho tido para mim e para as minhas coisas não tem existido. O trabalho tem preenchido metade do meu dia e a outra metade é a dormir, comer, higiene e os belos dos transportes, que pelos vistos vão continuar constantes porque nem às aulas de código tenho conseguido ir.
Mas nem tudo é mau e lá consegui encontrar um tempinho enquanto viajava no comboio de regresso a casa, para vos dizer que estou vivo e bem de saúde (apesar de a minha mãe ter dito que estou mal encarado). Embora cansado e simplesmente derrotado, sinto-me feliz por a minha vida finalmente começar a seguir um rumo certo. Quanto a romances ou noites tórridas? Pois, também andam hipotecados. Faz tempo que não tenho um orgasmo e receio já nem isso saber o que é. Quer dizer, eu saber sei, porque mesmo cansado brinco comigo diariamente (se é que me entendem), mas falo daquele grito de prazer que vem cá dentro quando estamos com alguém.
Enfim. Em breve volto a ter uma vida “normal” e já posso voltar a disparatar. Mesmo que não tenham sentido a minha falta, eu senti a vossa, e já andei a magicar umas quantas histórias para vos contar.
Beijinhos, Pi.*

P.S: Gonçalo, qualquer dia escrevo só uma frase para leres rapidamente, eheh.

sábado, 21 de novembro de 2009

Sexo Público, as experiências!


Promiscuidade ou devassidão? Contudo, e apesar de gostar de sexo, longe de ser libertino… ou será que não? Hoje, sentado à mesa, numa qualquer esplanada de Lisboa, bebericando o meu café e fumando cigarros, comecei a pensar nas diversas relações que já experienciei e cheguei à conclusão de que muitas foram aquelas que não tinham como cenário um quarto e o conforto de uma cama, ou, o cliché solteiro e de quem ainda vive com os papás, no carro. Não pretendo colocá-las aqui em tópicos, uma por uma, ou ser demasiado extenso por cada momento mais obsceno que possa ter tido, quero apenas fazer uma curta viagem por as que me lembro ou acho interessantes partilhar convosco. Estão preparados?
Ora, a mais recente e que me recordo imediatamente por ter sido bastante boa, foi numas escadas de um prédio. Luzes apagadas, tentativa de fazer pouco barulho, o nervoso miudinho de estarmos num local semi-público, a excitação de podermos ser apanhados pelos vizinhos… Tudo isto foram factores que encontro para explicar onde reside o prazer em ter sexo em locais públicos, assim poderão entender as próximas situações. Se não experimentaram, saiam de casa para variar…!
Numa casa de banho de um centro comercial, de uma discoteca ou até de um café. Bem sei que enquanto gay tenho mais facilidade em executar esta, mas o risco não é menor e é muito maior a probabilidade de o problema criado caso sejamos apanhados. “Que horror! Dois paneleiros a ter relações sexuais numa casa de banho!”, diriam certamente. Estas não foram de todo as mais aprazíveis, quer pelas pessoas com quem partilhei o momento, quer pelo local em si. Não é de todo o bestseller do sexo travesso “partilhado” secretamente e de forma dissimulada em público, acreditem.
E por falar em discotecas… E dentro de uma, numa festa da espuma? Confesso, estava bastante alcoolizado nessa noite, mas apesar de isso não ser desculpa para nada, não me arrependo e talvez voltasse a repetir o episódio, mesmo que estando 100% consciente. É que realmente, e voltando ao passando, do que me lembro, aquilo foi um sexo muito bem dado. O facto de estarem pessoas à volta e que podiam estar a ver, o local público em si, o estarmos ambos somente de calções de banho, os nossos corpos suados de encontro um ao outro, a música, todo o ambiente… Foi sem dúvida uma simbiose de todos estes aspectos, a somar à pessoa com quem o fiz, que fizeram desta uma das presentes no meu TOP 10 de quecas chamadas mágicas! E quem sabe, um dia, não a venha mesmo a repetir? Espero depois recordar-me de todos os pormenores…
Na rua? Pois claro que também esta tinha de fazer parte da minha lista. E por mais do que uma vez! A última foi no verão, com um argentino que conheci. Não foi a melhor, aliás, está precisamente no sentido inverso do meu TOP 10, no entanto foi agradável por ter sido com um desconhecido, uma espécie de “queca de verão” (há quem tenha os amores, eu fui ao lado mais descartável da coisa), e por ter sido na rua. Gosto de provocações, como tão bem sabem, e de riscos, e estar à mercê de um crime semi-público excita-me caraças!
Por fim vem as na praia, que eu acho já bastante usual ou frequente para todos nós, e sinceramente até vejo a coisa como mais romântica e tal. Para trás ficaram os momentos no capot do carro, num jardim, na serra de Sintra entre as árvores, numa piscina, na banheira, na cozinha, na arrecadação, ou até, à porta de casa de um amigo. Todas estas servem para demarcar ainda mais que para mim no que toca a sexo, os limites são mais alargados do que para a grande maioria. Se é por ser homossexual e isso fazer de mim, à partida, mais promíscuo e open mind, não sei e tenho as minhas dúvidas. O que importa é que gostei delas e não pretendo ficar por aqui. O que de certo modo até me deixa curioso em relação ao futuro… Onde será a próxima…?
E quanto a vocês? Libertem-se, e mesmo que seja em anónimo, quero ler-vos e saber por onde têm andado a ter orgasmos. Quem sabe não me dêem ideias. Espero por vocês.
Beijinhos, Pi.*

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Casamento Homossexual

Numa altura em que a sociedade portuguesa finalmente parece ter despertado para um tema que tem a sua importância, o Pi decidiu também disparatar aqui a sua opinião. Este, como referi anteriormente, é um assunto que tem uma importância mais acentuada no que me diz respeito, por me tratar também de um homossexual, que pretende ver os seus direitos iguais aos de outros cidadãos, e com isso começo por transcrever em ipsis verbis os dois primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que referem claramente a não discriminação de qualquer ser humano.

Artigo 1.º
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

Artigo 2.º
“Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.”

Posto isto, acho que não são necessárias palavras para demonstrar de que o que acontece com a nossa constituição portuguesa, ou qualquer outra constituição de um país em que não seja permitido o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, está de todo errado, quando nos privam a nós, homossexuais, o mesmo direito ao casamento que qualquer cidadão pertencente a esta democracia. Somos todos iguais, temos as mesmas oportunidades, cumprimos, à partida, com os nossos deveres, então deveria ser-nos dado também a mesma opção de escolha no que toca à decisão de querermos ou não casar com o parceiro com quem partilhamos uma relação, quer ele seja do mesmo sexo, ou não.
Acima de tudo a questão que aqui se discute é o facto de para uns ser possível demonstrar o seu amor através de uma cerimónia religiosa, e com ela a consumação de um contracto civil através do estado, e para outros, essa mesma demonstração estar proibida e não poder ir além de uma vida em conjunto, na mesma casa, partilhando a mesma vida que um casal que esteja casado, mas sem os mesmos direitos. Que hipocrisia é esta em que não damos a todos por igual? Que país é este de que nos orgulhamos, mas que depois fechamos os olhos quando encontramos diariamente diferenças avassaladoras e perturbantes? E atenção, não pretendo estar aqui apenas a dar uma de coitadinhos, são descriminados e etc., não, estou aqui a defender um direito que acho justo e que devia prevalecer no bom senso de cada um de nós, porque se não, vejamos.
Eu, para ser sincero, nem sou a favor do casamento, e provavelmente nem nunca optarei por essa via, principalmente pelo casamento religioso, porque simplesmente não acredito que seja necessário eu assinar um papel para provar o meu amor a alguém, e nem tão pouco preciso da cerimónia teatral para mostrar aos outros que sim sou feliz e é com aquele homem que pretendo viver até ao final dos meus dias. Oponho-me a isso, por agora, e não pretendo de todo fazer uso deste direito que venho aqui proclamar. Por outro lado, interpreto o casamento civil meramente como um contracto, em que deixamos seguros, caso venhamos a contrair bens em conjunto, enquanto marido e marido, ou mulher e mulher, para que caso à morte de um dos parceiros, ou de divórcio, possam os mesmos bens ser dados ou repartidos de forma correcta e justa. Esta é a minha visão do casamento, um contracto ou um teatrinho. Mas agora pergunto eu, quantos heterossexuais não vêem o casamento com os mesmos olhos que eu? No entanto sabem que se quiserem podem usufruir no futuro do casamento e viver “felizes para sempre”, mas então e eu? Tudo bem, não o pretendo fazer, mas e se quiser? O que é que eu faço quando conhecer alguém que me faça mudar esta ideia? Pois, não poderei fazer absolutamente nada porque simplesmente não tenho as mesmas oportunidades que a minha prima mais velha que pode casar porque lhe calhou no destino ser heterossexual. Entendem onde quero chegar? Acima de tudo, ao termos as mesmas opções de escolha, independentemente da nossa orientação sexual!
E agora, que após termos dado o nosso voto e o Partido Socialista ter assumido o comando da Assembleia, em que o Senhor Primeiro Ministro nos promete que uma das medidas a ser tomadas, caso vencesse as legislativas, seria a de levar ao parlamento a aprovação de uma lei que permitisse que os homossexuais pudessem usufruir deste mesmo direito, deixando de lado a adopção de crianças por estes, enquanto casais, surge agora meio mundo que pretende um referendo porque pretende exprimir a sua opinião? Então esperem lá, mas não foi este mesmo meio mundo que votou no PS sabendo de antemão que esta era uma das medidas a ser tomadas? Ou esperem, pois é, a eterna desculpa de que não estão informados… Já começa a ser velha e deixa de fazer sentido para muitos casos. E depois, então e aqueles que permitiram que a abstenção atingisse os 39,4% por não terem uma opinião a dar, por se estarem nas tintas, por acharem que é tudo igual e que não vale a pena votar, e por mais outras tantas desculpas idiotas que me dão voltas ao estômago, chegam agora aqui, a tentar opinar e a dizer que sim devemos fazer um referendo porque a sua opinião também conta? Mas que insensatez vem a ser esta? Só lhes interessa votar quando são assuntos que até acham piada ter uma opinião? Quer seja para votar contra ou a favor, esta atitude é no mínimo de quem não sabe mesmo o que anda aqui a fazer. Tratasse de igualdade e de termos os mesmos direitos. É difícil chegar a esta conclusão?
A desculpa máxima que ouvi ontem no debate da RTP, no programa Prós e Contras foi a de que colada à aprovação da legalização dos casamentos homossexuais estaria também a adopção. Bem, no mesmo programa foi dado o exemplo da Bélgica em que entre estas duas aprovações houve uma distância de dois anos. Portanto, porque não existir a mesma diferença no nosso país, ou até de mais anos? O que o Engenheiro José Sócrates colocou na sua proposta eleitoral foi exclusivamente em relação aos casamentos homossexuais, e se assim foi, porque é que usam agora este receio da adopção como desculpa para alimentar uma discussão que já vem de há anos, mas que só agora é que interessa a todos? Temos de ouvir a opinião dos portugueses acerca destes assuntos? Teremos mesmo? Já não a teremos ouvido antes aquando das eleições, ou há mais assuntos a serem discutidos por aqueles que na maioria das vezes cruzam os braços? Por favor, sejamos honestos, o único assunto em debate é o dos casamentos e ponto final, não existem questões secretas ou rasteiras na aprovação desta lei, como alguém afirmava ontem neste mesmo programa. Com franqueza, não usem este “medo” mesquinho como máscara para a vossa xenofobia.
E posto isto, bem sei que existem outras questões pertinentes em que esta descriminação chega a ser ridícula, mas como o país e os órgãos de comunicação acordam agora virados para este assunto, quis também aqui deixar a minha opinião que é simples e clara apesar deste imenso texto: Não ao referendo, Sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo! E vocês? Qual é a vossa opinião? Deixem de ser preguiçosos e deixem-me aqui o que pensam acerca desta questão que eu acho ser importante. Igual ou diferente à minha, gostava de ouvir o que têm vocês a dizer sobre este assunto. Porque só todos juntos e através do diálogo conseguiremos chegar a algum lado!
Beijinhos, Pi.*

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"PS impõe disciplina de voto no casamento homossexual"

Andava eu entretido nas minhas pesquisas, quando me deparei com esta notícia acerca do casamento homossexual em Portugal. Cheguei à imediata conclusão de que era pertinente publicá-la aqui, pela sua real importância quer para mim por ser homossexual, quanto para todos nós enquanto sociedade que deve viver em direito de igual para todos. E depois isto deu-me que pensar, e já ando a fervilhar com um novo post de opinião acerca deste tema. Em breve, a minha opinião. Por agora deixo-vos apenas a notícia. Beijinhos, Pi.*


O PS vai legislar a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo através de uma proposta do Governo. Que não admitirá a extensão desse direito à adopção de crianças, como nos casais heterossexuais. A direcção da bancada já decidiu: haverá disciplina de voto. A ideia de um referendo ganha "volume" mas os socialistas rejeitam-na. O BE também.
Dentro em breve, o Governo apresentará na Assembleia da República uma proposta legalizando a possibilidade de duas pessoas do mesmo sexo se casarem pelo civil e, ao que apurou o DN, na bancada socialista haverá disciplina de voto. Só serão admitidas duas excepções: Maria do Rosário Carneiro e Teresa Venda, as independentes democratas-cristãs que integram o grupo em nome do Movimento Humanismo e Democracia.
Nestas questões de costumes, o PS costumava permitir o direito generalizado à liberdade de voto no seu grupo parlamentar. A direcção considera no entanto que todos estão vinculados à disciplina porque esta foi uma matéria de compromisso eleitoral do partido.
O chamado "casamento gay" foi tema de conversa anteontem à noite, numa reunião da bancada do PS. Se dúvidas existiam, elas ficaram dissipadas: a proposta de lei que o Governo apresentará não irá admitir aos casais homossexuais o direito de adoptarem crianças porque, segundo explicou Francisco Assis, isso "não constava no programa eleitoral" dos socialistas.
Isto ao contrário do que defendem o Bloco de Esquerda e o PEV, os dois partidos com projectos já apresentados na mesa da Assembleia da República. E também ao contrário do que pensa um estreante na bancada do PS, o deputado Miguel Vale de Almeida, assumidamente homossexual e figura de proa, há muito tempo, em defesa das causas LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais).
Falando ao DN, Vale de Almeida, ex-militante do Bloco de Esquerda, reafirmou que defende também o direito de os homossexuais casados adoptarem crianças. Mas acrescentou não ver a posição do PS como um retrocesso: "Não, não estou desiludido", afirmou. Explicando: "Aquilo que as pessoas têm vindo a lutar como prioridade é o casamento."
Apesar de o PS, por um lado, e o Bloco e o PEV, por outro, terem perspectivas divergentes sobre a adopção, isso, garantiram ao DN várias fontes parlamentares, não constituirá nenhum bloqueio. Dito de outra forma: por acordo à esquerda, será consagrada a legalização do casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. Mas sem o direito de adoptarem, devido à oposição do PS.
Registe-se que o PEV evoluiu da última legislatura para a actual, passando a defender a adopção. É algo que não merece a concordância do PCP, partido liderante da CDU. Na última legislatura, quando o casamento gay foi a votos, por iniciativa do BE, os comunistas votaram a favor do projecto do PEV (que não abrangia a adopção) e abstiveram-se perante o do Bloco de Esquerda (que abrangia).
Se a "doutrina" do PCP se mantiver quando o casamento gay voltar à agenda parlamentar - algo que poderá acontecer ainda este mês -, então os comunistas deverão votar a favor da proposta do Governo, abstendo-se nas do BE e do PEV, precisamente por causa do direito de adopção, com o qual não concordam.”

Diário de Notícias, 05 Novembro 2009, por João Pedro Henriques

domingo, 15 de novembro de 2009

Amizade Gay


Dei por mim hoje a pensar nas alterações que o meu grupo social de amigos tem sofrido nos últimos anos. E se até há cerca de dois anos atrás eu só conseguia ter amigos heterossexuais, hoje verifico que consegui finalmente mudar essa situação e ter também o meu grupo de reais amigos homossexuais. Não é querer separar o trio do joio, ou salientar as tais duas realidades que eu insisto em unir, mas antes não conseguia acreditar que era possível dois gays serem amigos, sem segundas intenções, ou com uma verdade e sinceridade patente nessa mesma amizade.
Obviamente que sempre tive contacto com a homossexualidade, ou mais a partir dos meus 16 anos, mas o que acontecia é que com todos os meus conhecidos eu não mantinha uma relação de amizade. Saiamos à noite, tomávamos café à tarde, falávamos do trivial, mas com qualquer um que eu me desse, nunca dava tudo de mim nem me mostrava a 100%, e isso deve-se à falta de credibilidade que todos me demonstravam e numa falta de crença que eu possuía em relação à veracidade daqueles com quem eu me dava. Ou os achava muito falsos e cínicos, ou só olhavam para os rapazes com intenções meramente sexuais, ou simplesmente nem me interessava o que estavam para ali a falar. No entanto, aquele era um processo de crescimento e acima de tudo, de conhecimento, e eu queria conhecer o mundo gay, percebê-lo, entender a realidade à qual eu pertencia. E no fundo, obviamente que mantinha uma esperança de que um dia as coisas pudessem mudar e também eu tivesse a oportunidade de conhecer gays “decentes” ou com atitudes e ambições parecidas com as minhas.
E foi já numa fase em que eu desistia de procurar ter um grupo de amigos gays, com o qual conversar acerca de tudo, que eu sabia que me iria entender a 100% nas questões mais ditas homossexuais, que eu encontrei o meu primeiro amigo gay verdadeiro. Eu sei, esta história hoje parece muito à Morangos com Açúcar, mas não é de todo essa a imagem que eu quero dar. Mas a sério, eu sei que os meus amigos heteros sempre me aceitaram e sempre me compreenderam, e eu sempre pude conversar, principalmente com as raparigas, acerca dos meus dramas amorosos, mas vá lá, convenhamos que se eu estiver a conversar com alguém que fale a minha língua a comunicação é feita de outro modo, e eu tenho a certeza de que o receptor irá entender a minha mensagem muito mais correctamente, e poderá opinar de forma mais assertiva e compreensiva. No entanto, ainda hoje eu converso com os meus amigos heterossexuais, e sobretudo sobre os meus romances, mas ter também o meu grupo de amigos gays, ajuda-me a “sentir em casa”. São duas realidades distintas que eu envolvo na minha vida, e que não são de todo dois mundos opostos e distintos, até porque muitos deles se conhecem e dão entre si, mas que são ambas precisas e necessárias para a minha estabilidade emocional. Sucede-se o mesmo com todas as pessoas que possuem um variado leque de amigos diferentes entre si, só que apesar de eu também ter isso, ainda os tenho divididos em duas “secções”.
Essa amizade surgiu por acaso, e através de outras pessoas também homossexuais, com quem ainda me dou, mas que são apenas conhecidos especiais. E a partir dessa amizade, outras, poucas, vieram chegando também, até que hoje, cá ando eu feliz e contente com estes novos velhos amigos que eu fui adicionando à minha lista de amigos. E para ser sincero, eu sentia falta de ter pessoas assim na minha vida. Em que posso ser um livro aberto, em que posso, se me apetecer, ir para sítios ditos gays e ter companhia, em que posso estar a falar do Gaydar e me percebem por também terem um ou por saberem na perfeição o que é, ou até mesmo para falar de rapazes, porque muito provavelmente um ou outro até vai saber quem é o rapaz em questão por já o ter conhecido, ou por conhecer quem o conhece. Porque no fundo, este mundo gay é uma verdadeira aldeia em que todos se conhecem, e não é difícil termos um conhecido em comum com o rapaz com quem andamos a flertar. Obviamente que eu também faço quase tudo do que referi com amigos heterossexuais, mas acho que conseguem entender que é mais simples e talvez lógico, ir a uma discoteca gay, falar de rapazes gays, conversar de assuntos ditos “gays” com um semelhante, do que com alguém que até percebe da cena, mas que não é assim tão igual, até porque se o fazemos será com raparigas, e essas, por mais maravilhosas que sejam, não compreendem a 100% o que é isto de se ser gay. Por mais open mind que sejam, não são elas que vivem o mesmo que vivemos. Tal e qual nós nos esforçarmos para entender que raio de mundo é aquele em que elas gostam de homens heterossexuais. Somos todos diferentes como insisto em referir, e no fundo, acho que por vezes não somos todos tão iguais como dizem por aí. Seres humanos, de facto, mas há situações, e novamente a palavra, realidades que são mais iguais para uns do que para outros.
No final, o importante mesmo é existir amizades, quer sejam gays, heteros ou bissexuais, o que fazemos com a nossa vida sexual não é de todo factor relevante para nos darmos com A,B ou C, e não devemos ser preconceituosos em relação a isso, mas o que é certo é que nos convém ter também amigos que saibam do que falamos. Posso ter os meus amigos heterossexuais, mas por favor, não me tirem os meus amigos gays! Têm todos o seu lugar no meu coração, mas é bom ter um pouco de tudo como se de um rodízio se tratasse. E vocês, gays ou não gays, como andam essas amizades?
Beijinhos… Pi.*

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Minha Paixão Pop (Parte II)

...Quando acordei, tinha o ar mais feliz e idiota que possam imaginar. Aliás, a partir daquele dia passei a acordar diariamente com uma cara de parvo que só visto! E era normal, eu sabia que tinha encontrado o meu príncipe encantando, nome que secretamente ele me chamava a mim quando estava com os amigos. Tudo em nós destilava magia Walt Disney. A forma como nos tratávamos não era a convencional ou com os nomes da treta, a nossa ligação era natural e não somente de namorados, acima de tudo éramos amigos, toda a nossa relação era baseada em sinceridade e honestidade, os nossos momentos a dois eram perfeitos, bem como nós e os amigos dele, ou nós e os meus. Era tudo tão demasiado brilhante e conto de fadas que eu comecei a ter medo do que o futuro nos reservava. Nunca discutimos, nunca nos chateamos, nunca estávamos entediados um com o outro. Tínhamos muitas coisas em comum, mas ao mesmo tempo éramos tão diferentes, que a sério, olhando agora para trás, até dava gosto de nos ver juntos.
Fizemos de tudo o que é suposto fazermos nos primeiros meses de romance, teatro, cinema, um concerto, prendas, passeios de mão dada, jantares, saídas, enfim, vocês sabem como é. Tive com ele o que com poucos tive. E era muito mais do que o meu namorado, era um ombro amigo, alguém com quem eu inexplicavelmente conseguia desabafar acerca de tudo, com quem eu não tinha receios de ser eu próprio, com quem eu me sentia à vontade para tudo, com quem eu tinha mil e um planos, com quem eu, apesar de com os pés na terra, já fazia planos futuros, como onde iríamos passar as férias de verão. No entanto, apesar de tanta perfeição, pela primeira vez faltava algo a quem sempre dei alguma importância, o sexo.
Infelizmente tanto eu como ele vivíamos com os nossos pais, o que só por si já dificultava estarmos a sós mais intimamente, depois, nenhum dos dois tinha carro, portanto, fazê-lo “clandestinamente” num parque com vista para o rio (sim, conheço um com uma vista fantástica), estava fora das nossas possibilidades, e depois, casas de amigos… Bem, não era o melhor, e era como missão impossível consegui-lo. Portanto, se vos disser que posso contar pelos dedos da mão as vezes em que fizemos amor, não estarei a mentir. E já aquelas em que foram, não me perguntem porquê, mas não fomos até ao fim por esta ou outra razão. Se bem que houve espectacular na faculdade dele, mas essa vou deixar assim a pairar no ar, só adianto que foi numa sala de aula e mais não digo…
Não é que o sexo seja o mais importante, porque não o é, mas caramba, numa relação é óbvio que tem a sua quota-parte de importância, e se já é mau quando não existe química nesta parte com o nosso parceiro, quanto mais nem sequer existir. Eu confesso que no princípio esta questão nem me era significativa, mas há medida que o tempo foi passando, eu fui começando a dar um pouco em louco… Mas tudo bem, temos de ser compreensivos e quem sabe no futuro não arranjemos uma solução. Tretas, ela nunca chegou!
E por fim, quando tudo parecia estar a caminhar tão à carruagem da Cinderela, sem ninguém perder o seu sapatinho, o Pi resolve entrar em colapso cardíaco e começar a questionar os seus sentimentos acerca do Lourenço. É verdade. E sinceramente não tenho grande explicação para o que me deu ou senti naquela altura. Tenho hoje consciência de que fui um imbecil e um grande idiota, e de que possivelmente cometi ali um dos maiores crimes na minha amorosa, e que muito provavelmente devia estar preso por ele, mas que querem que vos diga? Por vezes existem atitudes que não conseguimos explicar, ou respostas que damos sem ter a certeza delas, no entanto, sabemos que as temos de dar, e lá refundido no nosso subconsciente até pode ser um aviso de que o que vamos fazer é o melhor. E foi isso que disse e fiz, terminei com o Lourenço exactamente no momento em que estávamos bem, em que nada havia acontecido, em que apenas nos faltava um sexo mais presente, mas em que nada mais nos faltava. O que lhe disse? Que não tinha certeza se era aquilo que eu queria, que não estava bem e que precisava de repensar em tudo. Na verdade, eu não estava a 100% comigo, mas que é que isso importava? Eu sei que sim, que gostava dele, e que no fundo tudo não passou de uma desculpa esfarrapada para encobrir o meu medo de não estar à altura do desafio ou de lhe dar o que ele merecia, e cobarde, preferi fugir a enfrentar os meus receios!
Hoje, sei que já nada há a fazer, e também não o pretendo. A nossa história teve um princípio, meio e fim, e hoje, ainda somos amigos. Afastamo-nos na altura, como é natural, mas passado um tempo voltámos a falar, e sempre que nos vemos é uma festa acesa cheia de abraços e “então estás mesmo bem? Estás feliz?”. Conheço o namorado dele, com quem ele mantém uma relação já muito duradoura, não sou assim íntimo do rapaz, porque convínhamos também não é daquele tipo muito sociável, mas no entanto sei que não tem ciúmes meus, e eu posso dar-me à vontade com o Lourenço. Falamos de vez em quando, por vezes menos do que se calhar ambos queríamos, mas no entanto o facto de nos darmos hoje tão bem, é o reflexo preciso do que tivemos no passado. Sabemos que fomos pop e que éramos “o amor”. Se me arrependo? Talvez. Mas não vou usar a velha “ai se o arrependimento mata-se…”. Sei que na altura devia ter feito as coisas de outra forma, mas quem sabe se não foi mesmo o melhor para hoje pelo menos estarmos bem? E de qualquer forma ele hoje está super feliz, e isso para mim chega. Quiçá não tenha sido obra do destino eu tê-lo feito assim na altura, para ele agora encontrar o seu verdadeiro príncipe… Quem sabe não é?
Beijinhos, Pi.*

terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Minha Paixão Pop (Parte I)

Hoje vou falar-vos de uma pessoa muito especial que um dia passou pela minha vida. A história já tem mais de dois anos, mas no entanto, ficou marcada na minha memória por ter sido intensa e talvez um dos maiores desastres que o Pi já cometeu na sua vida amorosa. Não o recordo hoje por ter alguma saudade dele, ou por o sentimento não estar devidamente guardado no passado, ou até por ainda gostar da pessoa em questão, mas sim porque tenho andado numa onda de reflexão, de análises, de me julgar a mim próprio, de tentar entender possíveis brechas que não ficaram devidamente tapadas. E também, porque a vida não é feita só de casos tórridos de sexo desenfreado, podendo dar-me ao luxo de dizer que já tive as minhas paixões, bonitas e “comerciais” como esta. Vou aqui chamá-lo de Lourenço, sendo que já sabem que gosto de dar nomes fictícios para manter a privacidade das pessoas envolvidas.
Apesar de curta, a minha a relação com o Lourenço foi de tal forma intensa, e assumo a repetição da palavra por ter sido exactamente isso, intensa. A forma como tudo começou e o desenvolvimento da acção foram tão inesperadas e ditas “normais”, que nunca pensei poder ter algo com alguém e começar uma relação fugindo ao estereótipo das relações homossexuais.
Estávamos no ano de 2007, mas eu já o havia visto no ano anterior no Pride, a festa de orgulho LGBT. Na altura, ele estava no grupo de uma amiga minha, a Maria, e eu tinha achado imensa piada a este seu amigo desconhecido, no entanto, não disse nada e guardei a minha opinião nos meus pensamentos pois pensei que provavelmente não iria dar em nada. Mas, uma certa noite, já passados meses, e estarmos num novo ano, quando num antigo local do costume no Bairro Alto, lá estava ele novamente. Continuei a mirá-lo, a tentar perceber de onde o conhecia, até que a minha memória infalível atinge o que eu queria, era o mesmo rapaz do ano passado. Desta vez, deixei a timidez ou os pensamentos parvos de lado e decidi questionar a minha amiga acerca daquela pessoa. “É solteiro?” “Quantos anos tem?” “Então e, o que é que ele faz na vida?” “É de onde?” “Vá, quero saber tudo!” E após o interrogatório dar-se por completo e eu ter gostado do perfil traçado, lá me foi apresentado devidamente o Lourenço. E que bela e agradável surpresa.
Estivemos a noite toda a conversar. Os temas pareciam que não se esgotavam e que eu e ele nos conhecíamos há décadas. Eu, estava cada vez mais afim, embora soubesse que este era um tipo de rapaz diferente, e que dali quereria muito mais do que uma noite de sexo, no entanto, não era nada disto que pairava sobre o meu pensamento, simplesmente estava a desfrutar da sua companhia e a aproveitar aquele momento, estava de facto a ser perfeito conhecer alguém, através de uma amiga, e que ainda por cima sabia conversar, era super giro, divertido, e tinha tudo a ver comigo. A noite passou-se e eu resolvi arriscar e pedi-lhe o seu contacto. Lá trocamos os números, mas este disse-me que estava sem saldo e que ia carregar o telemóvel. Eu fiquei naquela não é, ora que bela desculpa e tal, e entendi de que o sentimento se calhar não havia sido mútuo, no entanto, ao sair da discoteca com os meus amigos, já de madrugada, porque ele tinha ido para casa após o Bairro, decidi mandar-lhe uma mensagem a dizer que tinha gostado de o conhecer e tal e que gostava de tomar um café com ele nessa semana. Não obtive resposta como é lógico, mas qual não é o meu espanto quando ao acordar, agarro no telemóvel e vejo que ele me tinha mandado uma mensagem do telemóvel de outra pessoa. Pensei… Bem, repensando de cabeça fria, ele até pode estar interessado em pelo menos conhecer-me melhor, ou então, pronto, é daqueles casos raros e é um simpático do caraças, de qualquer forma queria descobrir!
Uns dias passaram, ele lá carregou o telemóvel, e nós tivemos o nosso primeiro date. Foi espectacular! Nada de extravagante ou demasiado à filme de cinema. Foi um café, com inexistência de silêncios constrangedores, um pôr-do-sol numa vista maravilhosa, o que fizeram deste encontro um dos Top 10 da minha vida.
Após esta tarde, as coisas andaram naturalmente, sem pressas ou dramas. Fomos nos conhecendo, falávamos diariamente, encontramo-nos diversas vezes, só os dois ou com amigos, e eu sentia que algo surgia dentro de mim. Mas da parte dele sentia-o inseguro e reticente, e após uma longa conversa entendi que ele era demasiado inseguro com ele próprio, e por experiências do passado era-lhe difícil entregar-se a alguém, por falta de auto-estima julgava que era impossível alguém gostar dele verdadeiramente e percebi que se queria ficar com ele, teria de o provar e lutar. E foi o que fiz! Não baixei os braços ou perdi tempo a pensar que este era mais um típico caso de esquizofrenia como tantos outros que já haviam passado pela minha vida, não, este era diferente, e eu gostava dele, e a cada dia mais. Disse-lhe então que não iria insistir, e que iríamos continuar como até então, mas que agora a bola estava nas mãos dele. Ele já sabia que eu gostava dele, que queria algo mais, mas tinha de ser ele a dizer-me quando se sentisse preparado.
Os dias foram passando, sem eu desistir, e passado algum tempo, uma noite após termos ido sair com uns amigos e de já termos dado o nosso primeiro beijo, segundo, e todos os que queríamos, fomos dormir a casa de uma amiga do Lourenço. Queríamos passar a nossa primeira noite juntos, mas só isso, sem intenções sexuais. Queria adormecer ao seu lado, sentir o seu corpo junto ao meu, adormecer ao som do seu batimento cardíaco. O momento não podia ter sido mais mágico. Os dois, deitados na cama, a luz da lua a iluminar o quarto, nós a brincarmos, a trocarmos carícias e beijos, até que, de repente ele pára e fica a olhar-me profundamente nos olhos. Eu tremi com aquele olhar. Silêncio. Ele pergunta como um adolescente no liceu: “Queres namorar comigo?” Eu, corei, sorri, e disse-lhe com toda a convicção do mundo: “Sim!” Demos um beijo e ficamos abraçados até adormecermos…

sábado, 7 de novembro de 2009

Procura-se Candidato


Decidi criar um anúncio a fim de tentar encontrar algum candidato que queira preencher a vaga que há por preencher no meu coração. Provavelmente será difícil encontrar pessoas com tantas qualificações quantas as que são necessárias para ocupar este cargo, e pode dar-se também o caso de um grande maioria nem estar interessada em enviar o seu Curriculum Vitae, no entanto, tenho de tentar e uma certeza existe de que todos os candidatos serão analisados com afinco e detalhadamente.

Procura-se rapaz solteiro com o seguinte perfil:

  • Idade limite entre os 20 e os 35 anos (claro que existem sempre excepções);
  • Suficiente cultura e inteligência de forma a conseguir retribuir um diálogo coerente e consistente;
  • Simpático;
  • Educado e gentil;
  • Com forte espírito empreendedor e iniciativa;
  • Comunicativo;
  • Boa Apresentação;
  • Divertido e Espontâneo;
  • Que não seja preconceituoso e mantenha um espírito livre;
  • Receptivo à diferença;
  • Compreensivo;
  • Incansável;
  • Que queira atingir objectivos a curto, médio e longo prazo, quer a nível pessoal, quer em equipa;
  • Com disponibilidade para viajar dentro e fora do país;
  • Local de residência em Lisboa, ou arredores;
  • Romântico, meigo, carinhoso, sensível Q.B. ;
  • Que seja respeitador mas que também saiba impor respeito;
  • Curioso;
  • Aventureiro;
  • Que goste de artes;
  • Que seja promíscuo quanto baste, e que acima de tudo não seja frígido;
  • Que seja uma boa mistura entre o gostar de um programa caseiro a dois ou com amigos, mas que também goste de ir sair à noite e dançar até de madrugada.
  • Que seja fumador! Ou que pelo menos não atrofie com cigarros (por isso darei preferência a fumadores pois compreenderão melhor a minha necessidade… mas não será factor eliminatório não fumar);
  • Disponibilidade para trabalhar em horários rotativos;
  • Que saiba separar os tempos e seja organizado com os mesmos. E estes podem ser:
    - Tempo para estar só;
    - Tempo para estar a dois;
    - Tempo para estar a só, com os amigos;
    - Tempo para estar a dois com os amigos.
  • Que saiba ouvir e mantenha uma escuta activa;
  • Que tenha o seu próprio mundo e amigos e que não se importe de o partilhar, e até fazer questão de existir uma intrusão no mesmo;
  • Que saiba surpreender e de ser surpreendido;
  • E que acima de tudo, tenha personalidade própria!

Oferece-se:

  • Um emprego estável;
  • Remuneração compatível com a função desempenhada;
  • Isenção de uma carga horária fixa e regulada pela entidade patronal;
  • Subsídios de carinho e muita paixão;
  • Possibilidade de integração nos quadros da empresa;
  • Possível subida de carreira;
  • Compreensão total e disponibilidade para ajudar nas necessidades do colaborador;
  • E, retribuição total de todos os itens que se procura nos candidatos.

Caso esteja interessado em responder a este anúncio, é favor deixar em comentário o seu endereço ou contacto telefónico para que posteriormente seja contactado pelos meus Recursos Humanos, a fim de lhe facultarmos o e-mail para onde deverá enviar o seu CV actualizado e com foto de rosto e corpo inteiro.
Beijinhos, Pi.*

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Meu Namorado a Sério (Parte III)

...Um dia, tomei a decisão definitiva de que não podia continuar com ele. Apesar de o amar, apesar de eu saber que ele era talvez a pessoa que eu sempre esperara, mesmo com os seus defeitos, nós não podíamos continuar a viver uma ilusão. Não quando os nossos planos já voavam tão alto e um de nós não tinha os pés no chão. Nessa noite conversei com ele, e terminámos pela terceira vez, rodeados de lágrimas, de um sufoco demasiado penoso para ser suportável, mas no entanto, havíamos combinado de que permaneceríamos amigos (um erro, eu sei), pois ele iria precisar do meu apoio, da minha ajuda, dado que eram poucos os verdadeiros amigos que ele possuía na sua vida e que o iriam dar conselhos e um ombro amigo sincero onde ele se pudesse apoiar. Fui para casa nessa noite, sozinho, sentindo a cama tão vazia como não sentia há meses…
Uma semana passou. E essa semana bastou para que ele encontra-se trabalho, se inscrevesse para continuar os estudos. E eu disse-lhe, apesar de estar feliz por ele, que não seria por ele mudar a sua vida tão radicalmente, na esperança de voltar para mim, que iríamos recomeçar e que estava tudo bem. Ele precisava de aprender sozinho, de fazer tudo aquilo por ele, e não por nós. E foi aí que chegou a viagem. A nossa última viagem, a nossa despedida.
O Salvador convidou-me, isto após umas duas ou três semanas depois de termos terminado, irmos viajar até Barcelona. Eu tinha lá duas amigas a estudar, podíamos ficar em casa delas, e sempre fora um dos poucos destinos que ambos gostávamos de conhecer. Eu amava-o, e apesar de os contras serem mais fortes que os prós, resolvi aceitar o convite. Ambos víamos naquela viagem uma esperança de reatarmos, apesar de eu deixar definido e claro de que iríamos como amigos, não queria misturar as coisas, apesar de ser praticamente impossível, mas não lhe queria criar esperanças. Queria primeiro entender como estávamos, deixar estes dias apesar de acompanhados, sozinhos e longe de todos, falarem por si. Mal eu sabia que esta era a nossa separação até aos dias de hoje…
Foi acima de tudo uma viagem maravilhosa, pela cidade, por poder matar as saudades da minha amiga mais próxima, de estar rodeado de cultura e de novos lugares. Mas tudo perdeu o encanto quando uma noite resolvemos ir sair até uma discoteca gay. Como as minhas amigas não quiseram ir, fomos os dois sozinhos. Dançamos, bebemos, rimos, exploramos o espaço, e, levado pelo desejo sexual, o Salvador deixou-se ir e foi até à rua foder com um espanhol. Eu sei, eu disse-lhe que éramos somente amigos, que ele era livre, que podia fazer o que entendesse, mas nunca esperei que fosse capaz de estar com outra pessoa mesmo nas minhas barbas. Ele ainda teve o descaramento de me perguntar se não havia problema de curtir com outra pessoa, eu naturalmente, disse-lhe para ele fazer o que quisesse. O nojo que sentia dele naquele momento era hediondo!
Após o ver sair para a rua, fui ao bengaleiro buscar as minhas coisas e sai rumo a casa. Andei pela cidade, ainda de noite, sozinho, de música nos ouvidos, com as lágrimas a cobrirem o meu rosto. Como tinha ele sido capaz de me fazer aquilo? Que raio de amor era aquele que ele dizia sentir? Um momento de fraqueza? Um “que se lixe, nós não somos namorados mesmo”? Eu sei, não lhe podia cobrar nada, mas podia cobrar-lhe a mágoa por me sentir enganado, por já não acreditar nos seus sentimentos! A partir daquele momento ele passara a ser um estranho, um mentiroso, um verme! Cheguei a casa, deitei-me. Ele chegou uma hora depois. Entrou na cama. Eu fingi que já dormia. Pediu-me desculpa. Eu não respondi. Perguntou se eu estava acordado. Eu dei-lhe o meu silêncio. Ele acariciou-me, abraçou-se a mim. Eu nem me mexi. Ele pediu-me para ter sexo comigo. Eu gritei que não queria nada com ele e para que ele se afastasse! Naquele momento não conseguia sequer olhar para ele, quanto mais dar-lhe toda a raiva que sentia!
No dia seguinte, acordamos, e eu optei por ignorar a noite que havia passado. Por mim, para não estragar ainda mais uma viagem que já estava estragada, pelas minhas amigas. Passeamos, continuamos a conhecer a cidade. E nessa mesma noite eu decidi que queria ir sair, que queria ir até à mesma discoteca! No fundo, eu queria vingar-me e pagar com a mesma moeda.
Num café, antes de irmos, os dois, acabamos por conversar sobre o assunto que se havia tornado tabu. Eu disse-lhe tudo o que sentia, e que se ele tinha visto aquela viagem como uma reconciliação, então tinha arruinado tudo, porque naquele momento já não havia nada a concertar e um nós já não existiria mais! Disse-lhe que quando chegássemos a Lisboa eu me iria afastar definitivamente, e que tão depressa não o queria ver. Ele chorou, eu engoli em seco para não dar parte fraca. Fomos sair.
Uma vez na discoteca, eu fiz os possíveis e impossíveis para lhe dar a entender de que estava disponível para curtir com alguém. Disse-lhe diversas vezes para me deixar estar sozinho porque estava no engate. E cheguei a trocar olhares com um gajo, mas que acabou por ir embora porque eu não tive coragem. Gritamos um com o outro lá dentro. Ele foi embora, e eu fiquei sozinho. Mas aquilo já estava a fechar e eu tive de ir embora. Ainda permaneci v
nte minutos na rua, olhando os gajos que estavam a conversar, a tentar entender se ia para casa, se metia conversa com alguém por despeito e revolta. Mas não consegui. Baixei a cabeça para que não vissem as minhas lágrimas e fui para casa. Fizemos as malas, arranjamo-nos sem trocar uma palavra e saímos rumo ao aeroporto. Mas por um percalço, perdemos o avião, e vimo-nos obrigados a ficar por mais dois dias. Eu não queria acreditar que tinha de continuar a fingir que estava tudo bem por mais dois dias, e de que iria aproveitar esta benesse maligna para conhecer o resto da cidade, com ele. Tudo bem, eu conseguia aguentar.
No dia seguinte, ele esteve constantemente a mandar-me bocas do género, “tu fazes-te de santo mas tu também sais-te cá uma rica prenda”! Andava esquisito, e eu não entendia o porquê de ele estar a dar uma de ofendido. Disse-lhe que se tivesse alguma coisa para me dizer que fosse directo porque detestava rodeios e ele bem o sabia. O dia passou-se, eu fui ver o pôr-do-sol sozinho até à praia, dar uma volta com os meus pensamentos, aproveitar os últimos momentos de verdadeiro lazer na minha própria companhia. Voltamos a discutir ao jantar, e tudo aquilo já se estava tornar insustentável! Até que ele do nada me pergunta: “Quem é o Francisco”? Eu fiquei passado, este gajo andou a mexer no meu telemóvel enquanto eu não estava cá! Perguntei-lhe porquê? E aí começou uma nova discussão. O Francisco era um amigo que havia conhecido, e não tinha absolutamente nada com ele. Éramos somente amigos, ele tinha namorado, mas estava a ser uma pessoa com a qual estava a gostar de falar porque me transmitia muita segurança e entendia tudo o que eu sentia. Mas tinha mensagens dele, inocentes, e isso foi o suficiente para ele realizar um filme com direito a Óscar em Hollywood. Tive de lhe explicar tudo para ele entender de que apesar de do que havia acontecido, eu não era igual a ele.
A noite passou. Nova tentativa de chegar a mim. Eu afastei-o. O dia chegou, fomos para o aeroporto. À minha espera um amigo meu que me iria levar até casa. O Salvador pensava que ainda me iria dar boleia, mas surpreendi-o. Olhei-o nos olhos, e disse-lhe: Adeus! Até um dia… E foi assim que todos os dramas terminaram e que a nossa história acabou.
Eu sei que ele não foi o único culpado por as coisas não terem dado certo. Tenho consciência de que era frio e insensível para com ele, apesar de ele merecer o contrário. Que nem sempre tinha um feitio fácil. Mas que podia eu fazer depois de tudo aquilo? Os danos eram irremediáveis e a melhor solução era cada um seguir a sua vida.
Actualmente ainda nos falamos, houve um ou outro episódio pelo meio que dava que falar, mas não me vou alongar muito mais nas palavras. Iria mentir se dissesse que não tremo quando o vejo, como foi caso de no passado fim-de-semana, quando estivemos os dois presentes num aniversário de uma amiga minha. Sei perfeitamente que ele foi a pessoa mais importante, a nível amoroso, que tive até hoje, e que um sentimento ainda se mantém cá dentro guardado, mais que não seja, as boas memórias do passado, no entanto, seguimos as nossas vidas conforme o combinado. Por ironia, ou não, ele neste momento é dono de um bar, pretende abrir outro mais no centro da cidade, está numa relação e até já vive em casa do namorado. Se calhar, no meio disto tudo, o problema sempre fora meu e não dele, eu é que estava demasiado cego para ter percepção disso. Que se lixe, pelo menos tive um namorado a sério!
Beijinhos, Pi.*

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Meu Namorado a Sério (Parte II)

…A cumplicidade entre nós era notória, apesar de sermos completamente distintos e oriundos de mundos diferentes. Quando um dizia preferir sal, o outro respondia dar preferência ao açúcar. Se eu gostava de viajar até um local com muita história e cultura, ele só iria se fosse um sítio paradisíaco. Eu gosto de ler, ele começou a fazer um esforço para ler o meu outro blog, pois odiava a leitura. Ele era todo das electrónicas, eu sou muito mais das artes. Eu sou super comunicativo e extrovertido, ele, mais tímido e levava o seu tempo a dialogar com estranhos. Éramos opostos em tudo, apenas iguais no sentimento que nutríamos um pelo outro. Apesar disso, estávamos juntos e fazíamos um esforço saudável permanente para aprender um com o outro. E eu tentava muitas vezes tentar encontrar pontos em comum que nos aproximasse, porque algumas dessas diferenças eu até achava saudável, pois podia usufruir de novas experiências, conhecer coisas que muito provavelmente por iniciativa própria nunca iria dar importância, mesmo que depois viesse a não gostar.
Os momentos foram inúmeros, mas sempre que estávamos juntos, eu sentia essa falta de semelhança sempre demasiado presente, apesar do tal esforço mútuo. Eu falava pelos cotovelos, ele calado ouvia o que eu lá ia contando, ria-se das minhas piadas, mas na maior parte das vezes os diálogos passavam a monólogos, o que me deixava frustrado. Conversei com ele acerca desta questão, ele por várias vezes disse que ia mudar, até que quando recomeçamos pela terceira vez eu vi esta situação alterar-se e verificar alguma mudança significativa da parte dele. Mas a falta de diálogo não era o nosso único problema.
Ele era um excelente amigo. Um dos meus melhores amigos. Possuía um coração demasiado bondoso e altruísta. Nunca me falhou em nada, sempre que podia rodeava-me de presentes, de surpresas, de mimos. Mas isto não era mais do que uma compensação material pela falta que ele sabia que cometia em diversos outros aspectos. E apesar de eu saber que aquela era a melhor maneira que ele tinha para dizer que me amava, por vezes, não era suficiente.
Ao fim de algum tempo, decidimos dar um passo maior e conheci a família dele, bem como ele a minha. A ligação da minha com ele foi inesperada e bastante surpreendente. A minha mãe tratava-o como um genro e gostava realmente do Salvador. A minha relação com a família dele era mais restrita, e também confesso, não me senti bem-vindo por alguns membros e preferia manter-me afastado para evitar problemas, embora gostasse bastante de uma prima. A sua presença na minha casa passou a ser uma constante, chegando a passar dias seguidos aqui, em que dormíamos juntos, almoçava e jantava connosco, parecendo até que éramos um casal a viver em casa dos sogros, à espera de encontrar uma casa só para nós. E esse foi um dos nossos muitos planos…
Os meus amigos adoravam-no, passando a ser frequente estarmos com eles, apesar de insistir muitas vezes para estarmos com os poucos amigos dele, que não eram amigos de noite, e dos quais eu até gostava! Chegamos a um ponto, aí nos últimos três meses de relação, em que estava no estágio, que estávamos praticamente a viver a mesma vida. Em que ele me ia levar, me ia buscar, permanecíamos juntos, fazíamos os mesmos planos, constantemente por minha iniciativa. E isso começou a sufocar-me. Também sei que às vezes eu fugia a tentativas da parte do Salvador de fazermos programas a dois, mas eu confesso, eu não queria ter de passar outra noite a ser sempre eu a encontrar temas de conversa, a ter de ter monólogos vários. Estava cansado!
Quando começamos a nossa relação eu estava a estudar, estava a meio do curso de Vitrinismo e ele estava desempregado. Não vou aqui patentear a sua vida económica, mas apesar de não ter trabalho, tinha a mesada que o pai lhe dava. Não tinha grandes estudos, e a seu tempo, comecei a verificar uma despreocupação constante por não querer preparar o seu futuro enquanto podia. Basicamente não estudava, não trabalhava, não tinha objectivos, e isso fazia-me confusão, porque eu estava carregado de sonhos, de metas a alcançar, e a partir do momento em que começamos a traçar destinos a dois, como, hipoteticamente irmos viver juntos, eu sabia que não podia continuar a sonhar enquanto ele não crescesse e percebe-se que não podia continuar a viver às custas do pai! Tinha de fazer algo pela vida, por ele. E eram frustrantes os meus discursos repetidos vezes sem conta a fim de o tentar ver a razão. De que ele tentasse entender o que queria para si, os seus gostos, se queria estudar, quais eram as áreas com as quais se identificava. Se não, então porque não abrir um negócio, um bar como sempre quis. Se o pai estava ali para o ajudar e apoiar financeiramente, porque é que ele não abria os olhos? Cheguei à conclusão de que eu já nada podia fazer, e de que tinha de ser ele a ver a luz sozinho e encontrar o seu próprio caminho sem mim, sem a necessidade de ter de o fazer por nós, mas sim por ele. E foi aí que o abismo começou e que a nossa história se aproximou do final....

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Meu Namorado a Sério (Parte I)


Houve um tempo em que o Pi foi assaltado pela memória do passado, e quando menos esperava, viu-se a viver a maior história de paixão que já havia vivido. Não só pela sua durabilidade, que bateu uma espécie de record pessoal, mas também pela intensidade com que a relação foi vivida!
O conhecimento era mútuo e de longa data, e desde sempre que existira uma atracção patente entre nós, no entanto, nunca havíamos dado azo para que algo acontecesse entre os dois. Não por falta de vontade, mas por os nossos caminhos se cruzarem constantemente no momento errado e menos oportuno. Com isto, os anos foram passando sem que nada acontecesse e cada um seguindo a sua vida, com as suas respectivas relações, descruzados. Até chegar o dia em que tudo mudou.
Haviam passado cinco anos com esta ligação, poucas vezes próxima, mas sempre à distância. Andávamos a falar há algumas semanas e esta era a altura ideal para, se quiséssemos tentar alguma coisa, nem que fosse uma boa noite de sexo, esclarecermos esta dúvida que existia entre nós, pois estávamos ambos solteiros e desimpedidos. No entanto, o destino insistia em brincar connosco e nunca dava para estarmos juntos. Até que o Pi ficou cansado e desistiu. Tinha chegado à conclusão de que afinal, ao fim de tanto tempo, não estava realmente destinado a ser. Então, baixou os braços e não o procurou mais. Com isto, uma semana passou sem que déssemos ou soubéssemos noticias respectivamente. Até que… As surpresas ainda acontecem!
Era véspera de feriado, 2ª feira, e eu e uns amigos decidimos ir sair. O costume na altura, Bairro Alto e depois uma discoteca gay de Lisboa. A noite corria animada e divertida, eu estava já alcoolicamente agitado. Até que, quando uma vez já na discoteca, decidi ir até à rua apanhar um pouco de ar. Qual não é o meu espanto quando dou de caras com o “Salvador” (nome fictício). Ali estava ele, sozinho, sentado, em silêncio, como se estivesse à minha espera.
Trocamos cumprimentos, surpresos, e mantivemo-nos ali a conversar num tempo indefinido. Os minutos voavam, os nossos corpos aproximavam-se disfarçadamente, sentia o meu coração palpitar. Eu sabia que hoje era noite, a noite em que tínhamos de responder à pergunta que fazíamos desde o primeiro dia. Nisto, o beijo tão esperado surge entre os nossos lábios. O segundo, o terceiro… E o dia começou a nascer! Os amigos começavam a reclamar já ser hora de ir embora. Ele olha-me nos olhos e diz-me que me ia raptar assim que deixasse os amigos em casa. Obviamente que não era necessário, eu iria colaborar!
E assim foi. O que andávamos a desejar desde o início finalmente tornava-se realidade e entregamo-nos por completo ao prazer uma e outra vez, até nos sentirmos paralisados pela respiração acelerada e ofegante, e pelo cansaço que sentíamos, porque o desejo e a vontade, esses iam aumentando a cada segundo que passava! Mas os nossos corpos já não respondiam ao comando dos nossos cérebros e adormecemos abraçados.
A partir desse mesmo dia já não conseguimos desgrudar um do outro. Parecia que nos haviam colocado um íman, e notava-se que a paixão e o carinho cresciam entre nós. E o mais estranho é que apesar de nos conhecermos há anos, só agora é que nos começávamos a conhecer mais profundamente, ou seja, havia criado uma imagem distorcida dele, e era por ela que eu me sentia atraído, no entanto, agora que entendia a sua verdadeira matéria, sentia-me ainda mais encantado e preso, apesar de estar a conhecer uma pessoa diferente do que estava à espera.
Os dias foram passando e é lógico que o inevitável acabou por acontecer. “Forçados” por uma amiga, que queria dar um nome ou um rótulo ao que tínhamos, ele declarou que éramos namorados. Finalmente para os outros já existia entre nós uma conotação mais séria e real, apesar de eu sentir que já o éramos desde a noite do reencontro. E assim entrava eu no meu romance mais longo e sentido, mas ao mesmo tempo no que viria a ser a minha maior desilusão amorosa. Incrível como estes dois insistem em andar de mãos dadas…

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Experiência Lésbica

Costumo usar uma frase que para muitos homossexuais pode não fazer qualquer sentido, mas que para mim é já quase como uma filosofia de vida. “Sou gay mas não sou parvo!” E com isto o que quero eu dizer…?
Começo por explicar que não sou de censurar os outros, e vocês bem sabem que não, mas no que toca a sexo, eu cá sou bastante curioso e não pretendo “morrer estúpido”, e como tal, acho que há que experimentar todo o tipo de dietas. E se queria afirmar que sou mais homossexual do que heterossexual, tinha que conhecer o outro lado. E foi o que fiz. Quando tinha cerca de 15 anos, tive a minha primeira experiência “lésbica” com uma amiga. Para dizer a verdade, e este é um facto importante, gostei de ter sexo com uma rapariga, e o que é certo é que voltei a repetir o acto, não só com ela, como com outras meninas. E a justificação é simples.
Em primeiro lugar quis conhecer-me a fundo e entender se realmente não conseguia de todo sentir algum tipo de atracção pelo sexo oposto, e se era um caso de verdadeira homossexualidade. Depois, porque realmente existia a tal curiosidade de como seria estar com uma mulher, mesmo não conseguindo estar apaixonado por uma. Bem sei que a maioria não sente o mínimo desejo ou alguma tendência para averiguar se gostam ou não de “legumes”, mas o que é certo é que eu nunca iria conseguir responder a mim próprio acerca do que sou. “Então mas como é que tu sabes se és gay se nunca estiveste com uma mulher?” Podia responder, e tu como é que sabes que não és gay se nunca estiveste com alguém do mesmo sexo? No entanto, não queria morrer sem ver esta dúvida esclarecida, e decidi arriscar e entrar no mundo secreto dos heterossexuais…
O resultado? Como disse há pouco, foi bastante positivo! Em primeiro lugar por ser com uma amiga, uma grande amiga, e isso deixou-me à vontade porque estávamos ali ambos, iguais na sua virgindade, e ela já sabia de que eu também gostava de homens. No entanto, decidimos os dois tomar esse passo por termos a certeza de que éramos, para ambos, a melhor escolha, pois sabíamos que apesar de poder ser um acto isolado, não deixaria de ser algo bonito e com sentimento e que ficaria para sempre na memória pela sua beleza em si. Eu sei, pode parecer-vos estranho, dois grandes amigos perderem juntos assim a virgindade quando nem tinham uma relação amorosa, mas vejam com outros olhos. Amizade é amor, existia um sentimento, existia uma ligação, uma conexão, e acima de tudo, a certeza de que nunca nos iríamos magoar mutuamente.
Desde que isto aconteceu, já se passaram cerca de 8 anos, e nada mudou entre nós, bem pelo contrário, temos alimentado a nossa amizade diariamente e vemo-nos quase como irmãos! É certo de que este assunto é raro vir à baila, não por se ter tornado tabu, mas porque não existe necessidade em fazê-lo. Está guardado no nosso passado, e assim continuará a ser. Orgulho-me de ter sido com ela e quem sabe isto não nos tenha aproximado ainda mais, por termos ficado ligados eternamente!
Se sou bissexual? Pois, não sei. Mas também, pouco me importam os rótulos que possam advir daqui. Sinto-me homossexual, porque coloco um sentimento amoroso na conotação, e até hoje, ainda não consegui sentir amor por alguma mulher, ficando-me apenas pelo desejo carnal e sexual. Será meramente um instinto animal? Uma mente demasiado promíscua para existirem preocupações acerca do género a quem me entrego? A dúvida mantém-se, sem sequer existir uma necessidade de resposta. Sou como sou, gay, mas que de vez em quando gosta de manter uma alimentação equilibrada e ir variando na “roda dos alimentos”. Mas definitivamente, não, não sou lésbico!
Beijinhos, Pi.*

domingo, 25 de outubro de 2009

Tópicos


Este foi um fim-de-semana de surpresas, e acima de tudo, duas noites de perder a cabeça, agir por impulso e perder alguma noção. Deu para conhecer novas pessoas, para ver o meu ego crescer e até para arrumar algumas ideias na minha cabeça. E o pior disto tudo foi o clímax de toda a acção se dar em plena discoteca, sozinho, numa tentativa alcoolizada de ter alguma percepção do meu próprio mundo e chegar à conclusão de que afinal começo a não fazer totalmente parte do mesmo.
Mas como ando numa onda de tópicos, assim bem ao jeito de lista de compras (tenho definitivamente de encontrar outro recurso estilístico), decidi dar-vos os pontos altos:

  • Percebi definitivamente de que não tenho mais nada a ver com o meu ex namorado, um dos quais nunca vos falei, e que essa página está de uma vez por todas virada e já pouco há a escrever nela;
  • Cheguei à conclusão que tenho de mudar certos hábitos que têm sido uma constante na minha vida, e que é altura de ganhar juízo e mudar esses mesmos;
  • De que a promiscuidade que tenho feito uso nos últimos anos, não me anda a levar a lado nenhum, e de que é melhor começar a traçar outro plano, ou mantê-la de forma mais madura e num plural a dois;
  • E que acima de tudo é preciso fazer um refresh nas últimas pessoas com quem tenho “estado” nos últimos tempos. Há histórias que não foram criadas para durar mais do que uma semana, e acerca disso pouco ou nada há a fazer, portanto, o melhor mesmo é colocar um travão e não continuar a executar updates das mesmas.

Sei que posso não ter sido demasiado claro neste post acerca de determinados assuntos, mas por agora, e porque já é tarde e preciso de descansar, deixo-vos apenas com os temas. Em breve direi mais acerca dos que ficaram por esclarecer. Desejo-vos uma boa semana, quanto à minha, espero que me traga novas surpresas positivas.
Beijinhos, Pi.*

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Os Cinco Tipos de Gays?


Andei aqui às voltas na minha cabeça, e já que andamos numa de arrumações, decidi dividir os gays por secções, e o resultado foi este. Cinco tipos que podemos encontrar. Se existir uma outra espécie que eu desconheça e que seja na sua totalidade diferente das aqui representadas, estejam à vontade para deixar em comentário. Será posteriormente apreciado.
  • Há o gay que quer só sexo e que se está nas tintas para relacionamentos amorosos. Tem os seus amigos verdadeiros, mas opta por ser independente e ir tendo as suas quecas, e isso chega;
  • O gay que quer uma relação por não conseguir estar sozinho e ter uma constante necessidade de atenção e de ter alguém na sua vida. Mas depois ou acaba por trair o seu parceiro ou por desistir rapidamente da relação. (Geralmente são atrofiados, dramáticos e inseguros, o que faz com que simplesmente não resulte);
  • O que quer uma cena honesta e que faz por isso. Os eternos românticos que não gostam de cenas casuais e passageiras, demorando a entregarem-se a alguém (raros, mas ainda existentes);
  • O que quer o mesmo que na alínea anterior, mas que com o passar do tempo sugere ménages e afins com o seu parceiro para apimentar a relação e sair da rotina. São normalmente mais promíscuos e aventureiros, não deixando no entanto de afirmar que amam o seu parceiro, apenas gostam de mudar de vez em quando (vá-se lá entender…);
  • E o último, mas não menos importante, há acima de tudo o gay em quem não podes confiar, nem como amigo quanto mais como namorado, ou seja, é aquele que é muito parecido ao da primeira alínea, mas com a ligeira diferença que vive rodeado de falsos amigos por ser egoísta e só pensar no seu umbigo.

Não pretendo aqui dar uma de psicólogo, note-se, apenas me deu vontade de ir ao supermercado e arrumar os homossexuais em prateleiras. Se bem que enquanto pensava, me apercebi de que com os heterossexuais a questão é bastante similar, o que me faz concluir que afinal não somos assim tão diferentes uns dos outros… E porque será? No final de contas, somos todos seres humanos com as mesmas necessidades. Dá que pensar…
Beijinhos, Pi.*

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Passivo ou Activo?


Hoje apetece-me perder as estribeiras e atacar uma questão abordada ontem entre amigos. Passivo ou Activo? Ou apostar na Versatilidade?
Para quem não sabe, vou partir numa dissertação de opinião que envolve o acto sexual em si entre dois homens. Para muitos, que não sabem como se processa o sexo homossexual, e nem tão pouco os nomes chamados, passo a explicar rapidamente:

Passivo: É aquele que é penetrado no ânus pelo pénis do seu parceiro.
Activo: O que penetra o ânus.
Versátil: O que é penetrado e penetra.

Este é o significado para cada conotação. Agora, depois, naturalmente, encontramos gays que só gostam de ser passivos, outros que preferem ser activos, e outros tantos que são versáteis. Não nos podemos esquecer que falamos de retirar prazer, e cada um fá-lo ou age de acordo com o que lhe confere mais gozo.
Até aqui está tudo bem, agora o problema surge quando uma vez mais gostamos de arrumar as coisas em prateleiras e interpretamos as preferências como uma atitude que vai além de um comportamento sexual! E essencialmente quando verificamos que até dentro da própria comunidade LGBT conseguem ser preconceituosos com os seus semelhantes.
Ora vejamos, um individuo afirmar que só gosta de ser passivo, é rapidamente encarado como a tal princesa encantada, e outro chegar e dizer que só gosta de ser activo, é sinónimo de virilidade e masculinidade! Estão a gozar, só pode! Portanto, querem com isto dizer que é-se mais “paneleiro”, e desculpem-me a expressão, se preferirmos levar no cu? Querem que eu explique o quão ridículo esse pensamento machista pode ser? Meus caros, somos todos gays a partir do momento em que só sentimos atracção física e sentimental por outra pessoa do mesmo sexo!
E quando gostam de tirar conclusões precipitadas e afirmam à partida de que uma “bicha” tem de ser passiva e um “machão” é activo? Meus amigos, meus amigos, já conheci tantos casos que comprovam o contrário. Se somos todos farinha do mesmo saco, qual é a necessidade de nos julgarmos superiores quando somos apenas activos? Isso vai fazer de nós menos homossexuais? Olharão para nós com outros olhos, do género: “Ah, este se calhar ainda pode ser heterossexual…”? Isso não será somente um medo da vossa cabeça porque ainda não estão totalmente resolvidos com a vossa situação e atitude sexual? A questão advém mesmo do pensamento primórdio e retrógrado de muitos heterossexuais não esclarecidos que gostam de dividir o nosso meio em duas secções, o que leva é a mulher e o que dá é o homem! E não se riam ao ler isto, muitas vezes ainda ouço a minha perguntar-me quando lhe apresento um casal amigo: “Então quem é que faz de homem e quem é que faz de mulher?”. Idiota, eu sei, idiota! Mas este tipo de pensamento ainda existe, e o pior, é de que existe dentro da cabecinha pequenina de muitos gays!
Meus leitores, com esta opinião ou não, vamos a acordar para a vida e deixar de ser tão limitados! Independentemente de qual seja o nosso papel no leito, somos todos feitos de purpurinas e lantejoulas. Mesmo que tenhamos uma atitude mais masculina, isso não faz com que deixemos de ser homossexuais. Portanto, vamos a abrir os olhos e deixar de, uma vez mais, preocupar-nos com miudezas! É por isso, que pelo sim pelo não, sou versátil… Serei hermafrodita por causa disto?
Beijinhos, Pi!*

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A Voz do Coração… Nunca Mais!


A conversa hoje é triste e de luto, porque o ardor que sinto no peito não pára de lacrimejar uma raiva demasiado dolorosa para ser suportável. Mas para que não fiquem sem notícias minhas e não surjam preocupações, passo a deslindar o desfecho do meu romance ligeiro e idiota que chegou ao fim e teve um final digno de filme (de segunda, definitivamente).
O Pi bem que sabia que devia escutar a voz da razão! Se ela nunca lhe falhou até hoje, porque é que me armei em parvo e fui dar ouvidos ao idiota do coração? Alguém me explica para que é que me deixei levar pela utopia dos sonhos e das princesas encantadas da Disney? Já um amigo meu disse outrora: “Um dia ainda processo a Walt Disney por andar a inventar histórias que nunca acontecem na vida real, e por andarem a criar sonhos de criança que perduram enquanto adultos que são autênticas aldrabices!” Assino por baixo!
O clímax de tudo isto foi simples. O tal rapaz dito tímido e introvertido afinal andava a disparar em duas direcções e queria experimentar a bigamia. Só que esqueceu-se de que neste país ela não é válida e as coisas podem correr mal. Como descobri? Ora, logo por azar, a outra pessoa envolvida neste triângulo amoroso/das bermudas, é meu conhecido, e em conversa chegámos à conclusão de que andávamos com a mesma pessoa! Hilariante? Assustador? Arrepiante? Ou demasiado cinéfilo para ser real? Pois, eu também não acreditava em novelas baseadas na vida real, mas agora entendo perfeitamente onde os brasileiros vão buscar tanta inspiração.
A minha reacção foi simples. Excluir, excluir, e excluir. Sem discussões, sem stresses, ou sem ter de descer do salto, até porque o menino desmentiu por mensagem a veracidade da sua grande lata. Portanto, posto isto, que havia eu de fazer? Dar-me ao trabalho de discutir o que não vale a pena? Mas ainda ando a pensar num plano maquiavélico de vingança, por incentivo de alguns amigos… Talvez o venha a concretizar, mas isso já são outras núpcias.
Detalhe só mesmo a fechar o episódio… Esta personagem, após o ter convidado com dias de antecedência para ir dormir a minha casa, no suposto dia em que vinha cá dormir, cria todo um drama de que o pai o queria levar para França e que tinha de ir jantar com ele. Eu tudo bem, fiquei com a pulga atrás da orelha, mas continuei a dizer, quando acabares vens aqui ter. Isto era 21h. Às 23h30, após ter estado 2 horas e meia sem me dizer absolutamente nada, apesar de eu lhe ter mandado duas mensagens, responde-me a dizer que só naquele momento havia acabado o jantar e que estava cansado e que precisava de estar sozinho e mais não sei quê. Fiquei lixado, obviamente que fiquei, mas vamos lá Pi, coitadinho do rapaz e tal, ouve o coração… Dia seguinte? Descubro que este grandessíssimo filho da mãe havia estado com o outro elemento, no bem bom… Pois é, gritante toda esta situação!
Enfim, estamos sempre a aprender, e algum dia esta situação havia de acontecer comigo… Próximo passo? Ressuscitar o velho Pi que arrumei no armário e deixar de andar por aí armado em parvo em busca do amor. Por agora vou tirar férias e vou às compras novamente. Ou muito provavelmente contactar um dos meus inúmeros números que possuo na minha lista telefónica. Estava a pensar no meu amigo alemão, que me dizem? Quanto a depressões ou sinónimos, podem ficar descansados, não tenho paciência para isso. O meu estado psíquico e a minha mente agradecem.
Beijinhos, Pi!*