quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O Meu Namorado a Sério (Parte I)


Houve um tempo em que o Pi foi assaltado pela memória do passado, e quando menos esperava, viu-se a viver a maior história de paixão que já havia vivido. Não só pela sua durabilidade, que bateu uma espécie de record pessoal, mas também pela intensidade com que a relação foi vivida!
O conhecimento era mútuo e de longa data, e desde sempre que existira uma atracção patente entre nós, no entanto, nunca havíamos dado azo para que algo acontecesse entre os dois. Não por falta de vontade, mas por os nossos caminhos se cruzarem constantemente no momento errado e menos oportuno. Com isto, os anos foram passando sem que nada acontecesse e cada um seguindo a sua vida, com as suas respectivas relações, descruzados. Até chegar o dia em que tudo mudou.
Haviam passado cinco anos com esta ligação, poucas vezes próxima, mas sempre à distância. Andávamos a falar há algumas semanas e esta era a altura ideal para, se quiséssemos tentar alguma coisa, nem que fosse uma boa noite de sexo, esclarecermos esta dúvida que existia entre nós, pois estávamos ambos solteiros e desimpedidos. No entanto, o destino insistia em brincar connosco e nunca dava para estarmos juntos. Até que o Pi ficou cansado e desistiu. Tinha chegado à conclusão de que afinal, ao fim de tanto tempo, não estava realmente destinado a ser. Então, baixou os braços e não o procurou mais. Com isto, uma semana passou sem que déssemos ou soubéssemos noticias respectivamente. Até que… As surpresas ainda acontecem!
Era véspera de feriado, 2ª feira, e eu e uns amigos decidimos ir sair. O costume na altura, Bairro Alto e depois uma discoteca gay de Lisboa. A noite corria animada e divertida, eu estava já alcoolicamente agitado. Até que, quando uma vez já na discoteca, decidi ir até à rua apanhar um pouco de ar. Qual não é o meu espanto quando dou de caras com o “Salvador” (nome fictício). Ali estava ele, sozinho, sentado, em silêncio, como se estivesse à minha espera.
Trocamos cumprimentos, surpresos, e mantivemo-nos ali a conversar num tempo indefinido. Os minutos voavam, os nossos corpos aproximavam-se disfarçadamente, sentia o meu coração palpitar. Eu sabia que hoje era noite, a noite em que tínhamos de responder à pergunta que fazíamos desde o primeiro dia. Nisto, o beijo tão esperado surge entre os nossos lábios. O segundo, o terceiro… E o dia começou a nascer! Os amigos começavam a reclamar já ser hora de ir embora. Ele olha-me nos olhos e diz-me que me ia raptar assim que deixasse os amigos em casa. Obviamente que não era necessário, eu iria colaborar!
E assim foi. O que andávamos a desejar desde o início finalmente tornava-se realidade e entregamo-nos por completo ao prazer uma e outra vez, até nos sentirmos paralisados pela respiração acelerada e ofegante, e pelo cansaço que sentíamos, porque o desejo e a vontade, esses iam aumentando a cada segundo que passava! Mas os nossos corpos já não respondiam ao comando dos nossos cérebros e adormecemos abraçados.
A partir desse mesmo dia já não conseguimos desgrudar um do outro. Parecia que nos haviam colocado um íman, e notava-se que a paixão e o carinho cresciam entre nós. E o mais estranho é que apesar de nos conhecermos há anos, só agora é que nos começávamos a conhecer mais profundamente, ou seja, havia criado uma imagem distorcida dele, e era por ela que eu me sentia atraído, no entanto, agora que entendia a sua verdadeira matéria, sentia-me ainda mais encantado e preso, apesar de estar a conhecer uma pessoa diferente do que estava à espera.
Os dias foram passando e é lógico que o inevitável acabou por acontecer. “Forçados” por uma amiga, que queria dar um nome ou um rótulo ao que tínhamos, ele declarou que éramos namorados. Finalmente para os outros já existia entre nós uma conotação mais séria e real, apesar de eu sentir que já o éramos desde a noite do reencontro. E assim entrava eu no meu romance mais longo e sentido, mas ao mesmo tempo no que viria a ser a minha maior desilusão amorosa. Incrível como estes dois insistem em andar de mãos dadas…

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