terça-feira, 17 de novembro de 2009

Casamento Homossexual

Numa altura em que a sociedade portuguesa finalmente parece ter despertado para um tema que tem a sua importância, o Pi decidiu também disparatar aqui a sua opinião. Este, como referi anteriormente, é um assunto que tem uma importância mais acentuada no que me diz respeito, por me tratar também de um homossexual, que pretende ver os seus direitos iguais aos de outros cidadãos, e com isso começo por transcrever em ipsis verbis os dois primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem, que referem claramente a não discriminação de qualquer ser humano.

Artigo 1.º
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.”

Artigo 2.º
“Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.”

Posto isto, acho que não são necessárias palavras para demonstrar de que o que acontece com a nossa constituição portuguesa, ou qualquer outra constituição de um país em que não seja permitido o casamento entre duas pessoas do mesmo sexo, está de todo errado, quando nos privam a nós, homossexuais, o mesmo direito ao casamento que qualquer cidadão pertencente a esta democracia. Somos todos iguais, temos as mesmas oportunidades, cumprimos, à partida, com os nossos deveres, então deveria ser-nos dado também a mesma opção de escolha no que toca à decisão de querermos ou não casar com o parceiro com quem partilhamos uma relação, quer ele seja do mesmo sexo, ou não.
Acima de tudo a questão que aqui se discute é o facto de para uns ser possível demonstrar o seu amor através de uma cerimónia religiosa, e com ela a consumação de um contracto civil através do estado, e para outros, essa mesma demonstração estar proibida e não poder ir além de uma vida em conjunto, na mesma casa, partilhando a mesma vida que um casal que esteja casado, mas sem os mesmos direitos. Que hipocrisia é esta em que não damos a todos por igual? Que país é este de que nos orgulhamos, mas que depois fechamos os olhos quando encontramos diariamente diferenças avassaladoras e perturbantes? E atenção, não pretendo estar aqui apenas a dar uma de coitadinhos, são descriminados e etc., não, estou aqui a defender um direito que acho justo e que devia prevalecer no bom senso de cada um de nós, porque se não, vejamos.
Eu, para ser sincero, nem sou a favor do casamento, e provavelmente nem nunca optarei por essa via, principalmente pelo casamento religioso, porque simplesmente não acredito que seja necessário eu assinar um papel para provar o meu amor a alguém, e nem tão pouco preciso da cerimónia teatral para mostrar aos outros que sim sou feliz e é com aquele homem que pretendo viver até ao final dos meus dias. Oponho-me a isso, por agora, e não pretendo de todo fazer uso deste direito que venho aqui proclamar. Por outro lado, interpreto o casamento civil meramente como um contracto, em que deixamos seguros, caso venhamos a contrair bens em conjunto, enquanto marido e marido, ou mulher e mulher, para que caso à morte de um dos parceiros, ou de divórcio, possam os mesmos bens ser dados ou repartidos de forma correcta e justa. Esta é a minha visão do casamento, um contracto ou um teatrinho. Mas agora pergunto eu, quantos heterossexuais não vêem o casamento com os mesmos olhos que eu? No entanto sabem que se quiserem podem usufruir no futuro do casamento e viver “felizes para sempre”, mas então e eu? Tudo bem, não o pretendo fazer, mas e se quiser? O que é que eu faço quando conhecer alguém que me faça mudar esta ideia? Pois, não poderei fazer absolutamente nada porque simplesmente não tenho as mesmas oportunidades que a minha prima mais velha que pode casar porque lhe calhou no destino ser heterossexual. Entendem onde quero chegar? Acima de tudo, ao termos as mesmas opções de escolha, independentemente da nossa orientação sexual!
E agora, que após termos dado o nosso voto e o Partido Socialista ter assumido o comando da Assembleia, em que o Senhor Primeiro Ministro nos promete que uma das medidas a ser tomadas, caso vencesse as legislativas, seria a de levar ao parlamento a aprovação de uma lei que permitisse que os homossexuais pudessem usufruir deste mesmo direito, deixando de lado a adopção de crianças por estes, enquanto casais, surge agora meio mundo que pretende um referendo porque pretende exprimir a sua opinião? Então esperem lá, mas não foi este mesmo meio mundo que votou no PS sabendo de antemão que esta era uma das medidas a ser tomadas? Ou esperem, pois é, a eterna desculpa de que não estão informados… Já começa a ser velha e deixa de fazer sentido para muitos casos. E depois, então e aqueles que permitiram que a abstenção atingisse os 39,4% por não terem uma opinião a dar, por se estarem nas tintas, por acharem que é tudo igual e que não vale a pena votar, e por mais outras tantas desculpas idiotas que me dão voltas ao estômago, chegam agora aqui, a tentar opinar e a dizer que sim devemos fazer um referendo porque a sua opinião também conta? Mas que insensatez vem a ser esta? Só lhes interessa votar quando são assuntos que até acham piada ter uma opinião? Quer seja para votar contra ou a favor, esta atitude é no mínimo de quem não sabe mesmo o que anda aqui a fazer. Tratasse de igualdade e de termos os mesmos direitos. É difícil chegar a esta conclusão?
A desculpa máxima que ouvi ontem no debate da RTP, no programa Prós e Contras foi a de que colada à aprovação da legalização dos casamentos homossexuais estaria também a adopção. Bem, no mesmo programa foi dado o exemplo da Bélgica em que entre estas duas aprovações houve uma distância de dois anos. Portanto, porque não existir a mesma diferença no nosso país, ou até de mais anos? O que o Engenheiro José Sócrates colocou na sua proposta eleitoral foi exclusivamente em relação aos casamentos homossexuais, e se assim foi, porque é que usam agora este receio da adopção como desculpa para alimentar uma discussão que já vem de há anos, mas que só agora é que interessa a todos? Temos de ouvir a opinião dos portugueses acerca destes assuntos? Teremos mesmo? Já não a teremos ouvido antes aquando das eleições, ou há mais assuntos a serem discutidos por aqueles que na maioria das vezes cruzam os braços? Por favor, sejamos honestos, o único assunto em debate é o dos casamentos e ponto final, não existem questões secretas ou rasteiras na aprovação desta lei, como alguém afirmava ontem neste mesmo programa. Com franqueza, não usem este “medo” mesquinho como máscara para a vossa xenofobia.
E posto isto, bem sei que existem outras questões pertinentes em que esta descriminação chega a ser ridícula, mas como o país e os órgãos de comunicação acordam agora virados para este assunto, quis também aqui deixar a minha opinião que é simples e clara apesar deste imenso texto: Não ao referendo, Sim ao casamento entre pessoas do mesmo sexo! E vocês? Qual é a vossa opinião? Deixem de ser preguiçosos e deixem-me aqui o que pensam acerca desta questão que eu acho ser importante. Igual ou diferente à minha, gostava de ouvir o que têm vocês a dizer sobre este assunto. Porque só todos juntos e através do diálogo conseguiremos chegar a algum lado!
Beijinhos, Pi.*

5 comentários:

  1. Pi pq agora nem tenho assim muito tempo não poderei ver tudo bonitinho e com olhos de ler mas ainda assim fica um pedido!... FAZ POSTS MAIS PEQUENOS! É que às 4h30 da manha na pausa do estudo/trabalhos da fac eu quero ler algo curto e directo! A minha vida não permite gastar tanto tempo (infelizmente)(é o social tá a ver?) a ler posts grandinhos... PS: assim por alto do que li na diagonal tenho a dizer que...Ainda de um post mais antigo: tu a por anuncio ao coraçao aqui? Entao à uns tempos queixavas.te da dor que era o amor de romance... Pq nao te mantens no amor de paixao? Do vai vem estás a ver? LOL

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  2. Olá Gonçalo.
    Há já muito que não aparecias por aqui... Fico contente por te ver novamente.
    Ora bem, quanto ao conselho, vá, eu prometo que começo a escrever alguns posts mais pequenos, mas confesso que tenho alguma dificuldade em fazê-lo pois o meu poder síntese é pequeno e quando começo a divagar já ninguém me para. Talvez seja por isso que não fui para jornalismo.
    Quanto ao manter-me "no amor de paixão", pois não sei, isto anda um bocadinho confuso aqui para estes lados, mas a conclusão a que chego é que estou a ficar saturado de encontrar uma cama quente, mas nunca ser a mesma... Por vezes faz falta uma rotina que já conhecemos, por mais dores que possa dar.
    Um abraço e bons estudos.
    Pi!*

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  3. Bem antes de mais, eu sim li o texto completo :P
    hahahahaha
    Bem o que quero deixar registado é a minha opnião face ao casamento homosexual... este tema já foi por várias vezes discutido no nosso grupo de amigos pi, sabes bem a minha opnião que é A FAVOR do casamento homosexual, contudo não sou a favor, ainda, da adopção, não por mim, mas sim pela sociedade, que ainda não está suficientemente evoluida para aceitar uma criança que tem 2 pais ou 2 maes, ou seja nao é pelas pessoas que poderiam adoptar, mas sim o que a criança iria sofrer.

    Em relação ao casamento, espero sinceramente que seja aprovado, contudo tenho as minahs duvidas, isto porque dá muito mais rendimento ao estado teres duas pessoas a descontar do que um casal, que tras os seus beneficios para as pessoas mas nao para o estado e com a evolucao da comunidade LGBT, acho que iriamos cair em defice, mais ainda!

    See ya* vou passar ao post anterior

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  4. Obrigado pela leitura completa =)
    Ainda bem que também tu mantens uma open mind em relação a este assunto. Quanto à adopção, esse será outro tema que irei abordar brevemente por estar directamente relaccionado com a lei do casamento. Saberás nessa altura qual é a minha opinião, que de certo não está muito longe da tua.

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  5. Esqueci-me dos beijinhos =$ eheheh
    beijinhos, Pi*

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