segunda-feira, 1 de junho de 2009

Praia Disparatada


Dia de Praia! A família reuniu-se a um domingo qualquer para ir mostrar em demanda as gordurinhas a mais e para bronzear o belo do corpinho. Não somos muitos, mas somos os suficientes para fazer uma algazarra. As mulheres gritam umas por cima das outras para se fazerem ouvir, enquanto os homens reviram os olhos em desaprovação. Eu, ali numa linha ténue invisível não sei que partido tomar. Por um lado elas gritam para mim de modo a que participe na peixeirada, por outro, não consigo falar assim tão alto. Então ouço os disparates, mas não desaprovo. As mulheres da minha família são assim mesmo, umas barraqueiras respeitosas dos que estão ao redor.
Mercado montado! Chapéus de sol abertos, toalhas estendidas. "Quem quer comer?", "Não vais para a água sem meteres o protector!", "Mete o chapéu na cabeça", "Eu ia era atrás das rochas fazer uma mamada..." Oops, esta última já é de outro dia de praia, adiante.
As horas vão passando e eu limito-me a bronzear, a ver as vistas, águinha, ouvir música, comer e fumar. Isto sim é vida! E depois de uma noite estrondosamente louca, este dia caiu que nem vodka num sumo de laranja, maravilhoso!
Olho ao meu redor e lá estão eles. Os cabrões dos surfistas têm mesmo uma pinta do caraças e não me importava nada de os pranchar contra a areia! É que é com cada um! Vocês sabem...
E enquanto o dia passa, sem me aperceber dou comigo numa situação provocada inconscientemente, mas que vai de encontro ao meu texto anterior. Os homens agarram na bola e vão para a beira-mar jogar futebol. Que machões! As mulheres ficam nas toalhas perdidas em conversas de gajas. E eu? Onde acham que fiquei? Pois, não foi no engate que respeito os outros e ainda me calhava um hetero na rifa e depois a única coisa que ganhava como prémio era um murro nos cornos! Não, fiquei com as senhoras pois está claro! Pensem o que quiserem, mas sinto-me mais à vontade aqui, do que feito parvo a correr atrás de uma bola para depois ficar todo suado, e isso só gosto no sexo. Tirando o correr atrás de uma bola, naturalmente.
Não compreendo até que ponto esta atitude que tomo inconscientemente pode definir-me como pessoa. Mas serei obrigado a agir como "ditam" as leis da natureza e da religião? Será que não tenho o direito de escolher sem correr o risco de ser olhado de forma diferente? "Os paneleiros é que andam sempre com mulheres!" Dizia a minha avó uma vez. Mas essa já nem lhe ligo, outra educação. Será que quando agimos de forma contrária à maré significa que tenhamos de ser desaprovados ou dignos de um caso de pesquisa psicológica? Bem, felizmente aqui não. Com a minha família não existem preconceitos, temas tabu e de forma inesperada são feitos de uma open mind capaz de fazer inveja a muitos de política de esquerda!
Posto isto, o bronze já começa a dar sinais de vida, as vistas valem mais que a pena, tudo corre perfeitamente e eu vou deixar as questões sociais e humanas, os distúrbios e discriminações para quem isso lhes incomoda. Este dia de praia chega para me fazer sorrir e não ter medo de quem sou.
Be allways what you are!
Beijinhos.
Pi.*

1 comentário:

  1. Bem, que há a dizer? Fiquei de boca aberta, por conseguir imaginar-te a praia e imaginar-te a dizer o "vão andando que eu já lá vou ter" quando te perguntaram se irias jogar à bola (tenho quase a certeza que foi essa a resposta, de cigarro na mão e fazendo aquele toque na mão que só tu sabes fazer) adoro este blog, é sem dúvida um blog onde nao existe tabus, onde mostras o teu verdadeiro EU, tudo de bom nestas linhas que tenho lido nos ultimos dias...
    keep goin' biatch!*

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